Há um pouco mais de dois anos falecia a maior historiadora atalaiense, a saudosa Vandete Pacheco Cavalcante. Uma figura impar, que durante toda sua vida sempre se dedicou com muito zelo e amor a historia e cultura de nossa cidade. É bem verdade que durante seus últimos anos de vida, seus esforços não puderam ser transformados em ações, principalmente devido à frágil condição de saúde que apresentava e que se agravou terrivelmente depois da covarde violência que sofreu, quando teve sua casa invadida por assaltantes.
Além de seu trabalho como Educadora em nossa cidade, com passagem pelo Educandário Dom Ranulfo, Colégio Nª Srª das Brotas, Escola Isolada de Branca de Atalaia, supervisora do G.E. Floriano Peixoto, Fundadora e Diretora da Escola Paulo VI, realizou importantes ações comunitárias como Fundadora do Apostolado Leigo Voluntário – ALVO, da Escola Paulo VI, da Escola de datilografia PIO XII, do Núcleo Atalaiense de Cultura e Arte – NACA , do Grupo Teatral Amador de Atalaia – GRUTA e do Jornal Folha Atalaiense. Também apresentou por 10 anos o Festival de Musica de Atalaia, que tanto contribuiu para descobrir grandes talentos, a exemplo do amigo Marlon Rossy.
Com seu livro Atalaia, Último Reduto dos Palmarinos, lançado em 1980, Vandete Pacheco entra de uma vez por todas para a historia de nossa Atalaia como uma das figuras de maior destaque. Quantos atalaienses não passaram a conhecer a importante historia de nossa cidade através de suas palavras. O destaque foi tanto que concorreu em Milão, com outros livros históricos, ao prêmio Águia da Cultura promovido pela Associação Guarani Recavo. O livro foi o grande vencedor. Em 20 de novembro de 2005, Vandete viaja para receber esse prêmio que era um fato inédito na historia de Atalaia. Além da emoção em ter recebido tal honraria, Vandete nos contava que o prêmio era ter seu livro publicado em várias línguas, mas, não sabemos se isso chegou a acontecer. Sabemos também que Vandete estava preparando a segunda edição de seu livro, que trazia dados novos sobre nossa historia, mas essencialmente, serviria também como uma importante critica ao momento de decadência que mergulhou nossa cidade.
Contado um pouco da trajetória vitoriosa e extremamente dedicada a nossa cultura e historia, fica apenas a indignação de vê que uma das figuras mais importantes da nossa historia continua tendo sua imagem desvalorizada, esquecida e ignorada. Como pode isso meus amigos? Que cidade “desaculturada” é essa que Atalaia está se tornando? Que comecemos a entender e a enxergar a cultura de uma forma mais ampla e não apenas resumida a carnaval e festa junina.
Depois de sua morte, várias e várias obras foram inauguradas em Atalaia, porém nenhuma autoridade lembrou-se de Dona Vandete. Atualmente temos várias escolas e creches sendo construídas em nossa cidade. Sabemos que as escolas terão que ter seu nome de origem, mas e as creches? Uma na Vila e a outra na Branca, porque ao invés de colocarmos nomes de parentes de políticos ou outras figuras que não tiveram o mesmo destaque, colocarmos em sua homenagem o nome de Vandete Pacheco Cavalcante.
Atualmente o nome da escritora e historiadora atalaiense foi colocado numa biblioteca municipal na Vila José Paulino. Também há um projeto na Câmara Municipal para ser colocado seu nome numa pequena e escondida rua na Vila José Paulino. Pequenas homenagens. Ora, de pequena Vandete só tinha o tamanho mesmo, pois seu amor e dedicação por esta terra eram tão grandes que a faz ser digna de ter seu nome colocado em uma grande escola do município e se é para ser homenageada com seu nome em uma rua, que se homenageie Vandete Pacheco em uma Avenida da cidade.