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Natural da cidade de Bom Conselho, interior de Pernambuco, Abílio Leão da Cunha nasceu no ano de 1886. Filho do senhor Ananinas Jenor da Cunha e da senhora Isaurina Ramos da Cunha. Na década de 30, se tornaria o primeiro e único não alagoano a governar o município de Atalaia.
Nos primeiros anos do século XX, já em solo atalaiense, passa a trabalhar na Usina Brasileiro do francês Barão Felix de Vandesmet, junto com seu pai que era agricultor e também operário naquela usina. Abílio também trabalhou na Usina Leão.
Em 29 de setembro de 1906, na Usina Brasileiro, em residência do Capitão Januário Corrêa Paes, casa-se com Orminda de Alencar Mendonça, que também tinha 20 anos de idade, natural da cidade de Anadia. Desse matrimônio, nasce em 3 de agosto de 1907, Olga Mendonça Cunha, que anos mais tarde viria a falecer durante o parto de seu filho George Almeida, com José Agostinho Almeida.
Viúvo, casa-se no dia 20 de janeiro de 1912, no Engenho Estrela, com Pretestata Tenório de Albuquerque Lins, a Yayá, filha do Coronel João Evangelista da Costa Tenório, que na época era Intendente do município de Atalaia.
Desse casamento nascem oito filhos: Nair, Zenaide, Alaide, Naida, Irene, Dagmar, Arnaldo e Luís.
Abílio Leão da Cunha é sogro do ex-deputado federal Abraão Fidelis de Moura, que foi casado com sua filha Maria Alaide Cunha, com quem teve três filhos, entre eles Carlos Moura, pai do o ex-prefeito de Paripueira, Carlos Abraão Gomes de Moura. É trisavô da atual deputada estadual Cibele Moura.
Sogro de um dos primeiros médicos a atuar na cidade Arapiraca, o Dr. Geraldo Cavalcanti Cajueiro, casado com sua filha Dagmar, médica. É avô do ex-vice-prefeito de Arapiraca, o médico Geraldo Cavalcanti Cajueiro Filho e da atual primeira-dama daquele município, a médica pediatra Lúcia Rafaele Cajueiro Teófilo, casada com Rogério Teófilo.
Também é avô de Luís Abílio de Sousa Neto, que foi eleito vice-governador de Alagoas em outubro de 2002, governando o Estado de abril até dezembro de 2006, em virtude da renúncia de Ronaldo Lessa para disputar o cargo de senador. Luís Abílio é filho de Naida com o ex-presidente do Tribunal de Justiça de Alagoas, desembargador Luís de Oliveira Sousa.
Em 1920, Abílio Leão da Cunha aparece como proprietário do Engenho Camarão, em Atalaia, de acordo com a “Relação dos proprietários dos estabelecimentos rurais do Estado de Alagoas”, realizado em 01 de setembro daquele ano, pelo Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio.
Também foi proprietário e lá residiu com sua família, no Engenho São José, localizado em frente ao Ocidente, próximo a Usina Ouricuri. Em 1934, seu engenho aparece com capital de 100:000$000, um dos maiores da cidade, segundo a Revista Anuário Açucareiro em 1934. “Vovô construiu uma casa no seu engenho e ela era o sonho da vida dele, mas infelizmente um incêndio a destruiu e perderam tudo o que tinha na casa”, lembra sua neta, Meg Oliveira, filha de Naida.
Ainda em 1934, objetivando melhorar a produção do Engenho São José, Abílio solicita e obtêm autorização da Comissão Executiva do Instituto do Açúcar e do Álcool (I.A.A.), para aquisição de duas turbinas e demais acessórios da Usina Pau Amarelo, em Alagoas, que estava paralisada desde a safra 1930-31.
Com os melhoramentos realizados no São José, Abílio almejava transformar seu engenho em uma Usina, uma façanha que foi alcançada por poucos naquela época. “Foi meu avô quem montou todo o maquinário da Usina”, destaca Meg Oliveira.
Um ano depois, em 1935, a Usina São José já estava com suas moendas a todo vapor, tendo a frente o agora industrial Abílio Leão da Cunha e, como sócios, dois dos seus cunhados, sendo um deles José Tenório de Albuquerque Lins, o Major Zé Tenório, que foi prefeito de Atalaia em duas oportunidades (1951-1956 e 1961-1966).
Tendo iniciado suas atividades com a colheita para a safra de 1935 a 1936, a Usina São José safrejou pela última vez em 1940 a 1941, segundo o artigo THE MYSTERY OFF LEW (O Mistério de Lew), onde o autor Eddi Edmundson, relata ter obtido essa informação com o historiador alagoano Moacyr Leandro Sant’Ana.
Abílio Leão da Cunha deixa a administração da Usina São José. “São José foi incorporada pela Usina Ouricuri, que também adquiriu seus maquinários e equipamentos, fortalecendo-se e aumentando a produção”, comenta o escritor José Alves Filho, em seu livro Usina Ouricuri, de Manoel Tenório ao MST.
Certamente pela grande influência política de seu sogro, emerge no cenário da política de Atalaia em um contexto conturbado em que vivia a cidade, pós-Revolução de 1930. É nomeado pelo então Governador Osman Loureiro de Farias, Prefeito / Interventor do município de Atalaia, comandando os destinos do município de março de 1934 a março de 1935.
Em novembro de 1935, participa das eleições municipais de Atalaia, concorrendo ao cargo de vereador, ao lado de outros membros de sua família: seu cunhado Luiz Tenório, sua cunhada Maria Tenório e seu sobrinho, Nestor Tenório de Oliveira. Todos foram eleitos.
Seu mandato de vereador durou de 02 de janeiro de 1936 até 10 de novembro de 1937, quando foi interrompido em razão da ditadura do Estado Novo, de Getúlio Vargas, que decretou, entre outros, o fechamento das Câmaras Municipais de todo o Brasil.
Após sua saída do município de Atalaia, passa a residir com Dona Yayá, em Maceió.
Viúvo pela segunda vez, casa-se com Maria, com quem teve uma filha de nome Gislene. Residia na Levada, em Maceió.
“Vovô era um homem calmo, nunca bateu em um filho. Para ele era importante a educação dos filhos e, para isso, não media esforços para trazer professores de Maceió à Atalaia. Foi um homem que por um tempo teve dinheiro, mas quando perdeu, não se abalou”, comenta Meg Oliveira.
Sua neta descreve um homem de visão moderna e querido pelos filhos. “Os filhos eram todos apegados a ele, acho que mais do que a vovó, que era uma mulher mais dura e disciplinadora. Era um homem com uma visão moderna do mundo, liberal, não prendia os filhos”.
Meg Oliveira também destaca o lado artístico do ex-prefeito atalaiense. “Tocava todos os instrumentos de ouvido e o violão era o seu preferido. Mamãe me passou a imagem de um homem sonhador, romântico e um pouco com a cabeça nas nuvens. Mamãe tinha uma imagem romantizada dele, não sei se os outros filhos também tinham”.
Abílio Leão da Cunha faleceu em 1964, aos 78 anos de idade. Morreu pobre, necessitando do auxílio dos filhos para a sua sobrevivência. Seus restos mortais encontram-se no cemitério de Nossa Senhora da Piedade, em Maceió.
Abílio Leão da Cunha é o primeiro da direito pra esquerda. Sua esposa, Dona Yayá é a segunda da esquerda pra direita.
Pretestata Tenório de Albuquerque Lins.