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Tenente João Saraiva de Albuquerque, ex-deputado estadual e ex-comandante da Polícia Militar de Alagoas

Autor do projeto que se transformou na Resolução 527, de 13 de junho de 1908, autorizando o governo estadual a levantar um monumento em homenagem ao Marechal Deodoro.

Phablo Monteiro
Por: Phablo Monteiro
08/08/2021 às 09h45 Atualizada em 28/08/2021 às 09h58
Tenente João Saraiva de Albuquerque, ex-deputado estadual e ex-comandante da Polícia Militar de Alagoas
Tenente João Saraiva de Albuquerque. Foto: Galeria de ex-comandantes da PM de Alagoas.

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Em 12 de Junho de 1872, nascia na ainda Vila de Atalaia, em Alagoas, JOÃO SARAIVA DE ALBUQUERQUE, filho de Joaquim Saraiva de Albuquerque e Roza Alves da Silva. Naquele mesmo mês foi batizado na Igreja Matriz de Nossa Senhora das Brotas. 

Seu pai foi militar, ocupando a patente de Tenente da 2ª Companhia do 26º Batalhão da Guarda de Atalaia.

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A exemplo do seu pai, seguiu carreira militar, chegando a ocupar o posto de 1º Tenente do Exército e Major da Polícia Militar de Alagoas.

Casa-se no dia 10 de novembro de 1895 com sua prima, Rosa Amélia de Vasconcellos, filha do Barão José Miguel de Vasconcellos. Desse matrimônio nascem dois filhos: Edgar e Rosina. 

Era, portanto, cunhando do médico Dr. João Carlos de Albuquerque, ex-Intendente de Atalaia. 

Sua honradez, dignidade e coragem eram muito perceptíveis desde o início de sua trajetória militar. Relato do Jornal Cruzeiro do Norte, na sua edição número 99, de 20 de setembro de 1891 destacava que o ainda cadete do 26º Batalhão, João Saraiva, teve a coragem de defender um praça de seu Batalhão, que injustamente estava sendo agredido e detido por membros de outra guarnição. 

“Momentos depois, passava o brioso cadete João Saraiva com duas praças do dito Batalhão 26º, e vendo seu camarada detido entre as garras dos bandidos policiais, pôs-se ao fato do ocorrido e tratou de libertá-lo, mandando seu camaradas “tocar de facão” os dois policiais que apanharam até a porta do respectivo quartel”, relata a reportagem.

Porém o ato de bravura em busca de repelir a injustiça que estava sofrendo um companheiro de farda, não foi muito bem vista por seu superior. “Nesta ocasião apareceu o tenente de policia Sarmento que insultou o distinto cadete, sendo energicamente repelido e obrigado a calar-se. (...) Sentimos que o honrado Comandante, tenente coronel Telles, em vez de baixar uma ordem do dia especial louvando o corajoso cadete João saraiva, por um ato tão digno, praticado em honra e defesa de sua classe, o houvesse prendido, porque este ato é desanimador para aqueles que tem como dever conservar impoluta, ainda que com o risco de sua vida, a dignidade de sua farda”, completa a citada reportagem.

Em 1894, o Ministério da Guerra determinou ao comando do 6º Distrito Militar que fizesse seguir para a capital federal, afim de recolher-se ao corpo a que pertence o 2º cadete do 26º Batalhão de Infantaria João saraiva de Albuquerque.

Reformado no Exército em 14 de agosto de 1894, quando foi comissionado no primeiro posto.

Em 3 de novembro de 1894, é promovido e classificado como Alferes, no 36º Batalhão de Infantaria na Guarnição Federal do Amazonas.

Em 07 de novembro de 1896, um grande conflito armado explode em Canudos, no interior da Bahia, envolvendo o Exército Brasileiro e membros da comunidade sócio-religiosa liderada por Antônio Conselheiro. 

O ilustre militar atalaiense João Saraiva de Albuquerque seguiu de Sergipe para o combate em Canudos em abril de 1897. Era Alferes no 12º Batalhão de Infantaria, que junto com o 31º Batalhão de Infantaria, compunham a 4ª Brigada. 

O 12º Batalhão de Infantaria estava sob o comando do tenente-coronel Tristão Sucupira de Alencar Araripe. 

Com a 5ª Brigada sofrendo um forte combate de jagunços em Corobobó, na Bahia, que fazia muitas baixas na referida Brigada, o general Savaget ordena que a 4ª Brigada tome posição de assalto.

“Incontinente desenvolvi em linha os dois batalhões, um apoiando o outro, e com o esquadrão de lanceiros também em linha no flanco esquerdo, ordenei a carga, que ao respectivo toque, mandando fazer pelo comandante da  divisão, foi logo executada, debaixo de morteiro e nutrido fogo do inimigo. Tomada as baionetas as trincheiras da frente, nas barrancas do rio, e que eram guarnecidas pela maior parte da força inimiga, a outra parte, que ocupava as elevações dos flancos, para não ficar cortada, foi forçada a abandonar essas posições, em precipitada fuga pela catinga. Infelizmente não foi sem grandes sacrifícios que conseguimos esta vitória”, destacava da Bahia, em 21 de setembro de 1897, o comandante da 4ª brigada, o coronel Carlos Maria da Silva Telles, em relatório para o Ministério de Guerra.

Nesta sangrenta batalha, ocorrida no dia 25 de junho, que teve como um dos feridos o próprio general Savaget, o atalaiense João Saraiva foi também uma das baixas, na condição de ferido, encerrando assim sua participação na Guerra de Canudos.

“É meu dever declarar que os batalhões 12º e 31º de  infantaria e o esquadrão de cavalharia portaram-se com louvável patriotismo, admirável denodo e bravura todas as vezes que tiveram ocasião de fazer frente ao inimigo”, ressaltava o comandante da 4ª brigada. 

Chega ferido de Salvador, da batalha de Canudos, no trem Alagoinhas, o alferes João Saraiva de Albuquerque. 

“Acha-se nesta capital vindo do Estado da Bahia, por ter regressado ferido de Canudos, o nosso jovem conterrâneo João Saraiva de Albuquerque, a quem cumprimentamos e desejamos pronto restabelecimento”, destacava o Jornal ORBE, em 13 de agosto de 1897.

Em 1899 é transferido do 33º Batalhão de Infantaria em Maceió, para a Guarnição de Pernambuco.

Na eleição de 1900, talvez influenciado por seu sogro o Barão João Miguel, liderança do Partido Republicano no estado, concorre a uma vaga no Congresso Alagoano, para deputado estadual. 

Em 19 de janeiro de 1901, foi considerado em disponibilidade o Alferes do 40º Batalhão de Infantaria, em Pernambuco, eleito deputado ao Congresso do Estado de Alagoas, já de posse do respectivo diploma. 

Representou os alagoanos, em especial os seus conterrâneos atalaienses por sete Legislaturas consecutivas: 1901-1902; 1903-1904; 1905-1906; 1907-1908; 1909-1910; 1911-1912 e 1913-1914.

PROJETO N. 22

O Congresso Legislativo do Estado de Alagoas decreta:

Art 1º Fica o governado do Estado autorizado a mandar por em hasta pública todos os materiais, inclusive madeiramentos e telhas, que foram do antigo edifício que serviu de cadeia pública, de propriedade do Estado em Atalaia.

Art 2 revogam-se as leis e disposições em contrário.

Sala das sessões em Maceió, 5 de junho de 1905.

João Saraiva de Albuquerque

Também foi responsável por apresentar em 21 de maio de 1909, um projeto concedendo aposentadoria ao Administrador da Recebedoria de Viçosa, Francisco Aureliano de Medeiros Cabral, importante político atalaiense. Projeto foi assinado por todos os deputados.

Em maio de 1910, apresentou um Projeto de Lei criando o Distrito Judiciário de Sapucaia, no município de Atalaia. Este projeto foi assinado pela maioria dos presentes, considerado objeto de deliberação e tomou o número 54. Mas, só pela lei nº 1785, de 05-04-1954, que é criado o distrito de Sapucaia, ex-povoado e anexado ao município de Atalaia.

É autor do projeto que se transformou na Resolução 527, de 13 de junho de 1908, autorizando o governo estadual a levantar um monumento em homenagem ao Marechal Deodoro.

Destacava o Jornal A Federação, de Porto Alegro, em 22 de julho de 1908: “Por proposta do tenente João Saraiva de Albuquerque, a Assembleia dos representantes do Estado das Alagoas vai mandar erguer uma estatua ao bravo marechal Deodoro da Fonseca, que tão saliente figura desempenhou a 15 de novembro de 1889, ao lado do incomparável estadista republicano Bejamin Constant”.

Segundo o historiador Edberto Ticianeli, em seu artigo Praça Deodoro e os monumentos em homenagem ao marechal alagoano, “o governador Euclides Malta já prometia a estátua para a Praça do mesmo nome e a encomendou a Angeli Angiolo da Fundição Artística Paulistana em São Paulo, o mesmo que fundiu a estátua do marechal Floriano Peixoto para a Praça dos Martírios. (...) O monumento erguido na praça Deodoro, que foi inaugurada em 3 de maio de 1910 e passou a ser uma das principais atrações do centro de Maceió, foi planejado por Rosalvo Ribeiro e teve como inspiração o quadro de Henrique Bernardelli, um pintor chileno, naturalizado brasileiro, que desembarcou no Rio de Janeiro em 1901”.

O grande historiador alagoano ainda comenta no mesmo artigo, sobre a autorização para que a escultura fosse feita pelo governador. “A escultura, feita de bronze, foi encomendada pelo então governador de Alagoas Euclides Malta, autorizado pela lei cívica do povo alagoano nº 527, de 13 de julho de 1908”

A autoria da proposta, como já destacada acima, é do deputado atalaiense Tenente João Saraiva de Albuquerque. 

Durante seus 14 anos no Congresso Estadual, chegou a dividir o Plenário, em alguns mandatos, com outro atalaiense ilustre, o Dr. Alfredo de Maya.

A eleição municipal de 7 de outubro de 1910, em Atalaia, marcou um rompimento de alianças políticas, talvez até familiar. O deputado João Saraiva, aliado do deputado Dr. Alfredo de Maya e outros personagens de “entrada franca nos gabinetes do Governo”, se empenharam em uma guerra na busca de conquistarem os cargos municipais e derrotar o grande líder político de Atalaia coronel José Miguel, “que, por sua vez, confiado nos serviços que vem prestando há longos tempos, zomba das hespanholadas de seu genro, esperando a última hora a intervenção de quem tudo pode, que resolverá de um golpe a magna questão, conservando empoderado o jovem sr. dr. João Carlos, delegado do sr. seu pai, da politica maltina de Atalaia”, era o que escrevia em suas páginas o Jornal O Norte, em 30 de setembro de 1910.

Neste eleição, Alfredo de Maya e o tenente João Saraiva, representavam uma ala do Partido Republicado, de Euclides Malta em Alagoas, em Atalaia. Apoiaram nesta eleição a candidatura de Francisco Aureliano de Medeiros Cabral, para Intendente do município. Candidatura que não obteve êxito nas urnas.

Vespasiano da Silva Moraes, José Thomaz da Silva Nonô, José Casado de Farias Lima, José de Albuquerque Pontes, a família Bittencourt, a família Oliveira Telles, Joaquim Lopes de farias Lima, entre outras lideranças, apoiaram este movimento.

Com o fim de sua trajetória política, em janeiro de 1915 exerceu o cargo de administrador da Recebedoria da Delegacia Fiscal em Alagoas.

João Saraiva de Albuquerque comandou a Polícia Militar do Estado de Alagoas de 15 de abril de 1914 a 08 de janeiro de 1915. Foi 3º comandante após a reorganização.   

Na época em que comandou o Batalhão da Policia Militar em Alagoas, era Capitão Fiscal Manoel Xavier de Andrade, Tenente Ajudante Manoel Pinto de Oliveira Santos, Secretário o 2º Tenente Raul Ferreira de Albuquerque, Médico Dr. José Canedo de Albuquerque.

Na década de 30, foi delegado da 3ª zona de recrutamento, da 13ª Circunscrição do Exército Brasileiro.

Faleceu em agosto de 1944. Tinha 72 anos de idade.

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