O Caldinho de Capela é parada obrigatória para quem mora ou está de passagem pelo município alagoano do Vale do Paraíba. O que muitos ainda não sabem é que a iguaria pode ser apreciada também em Atalaia, município vizinho, a 45 km de Maceió. A filial mantém o sabor e a tradição de pontualidade da matriz. Quem garante é Antônio de Pádua Bastos, 46 anos, o “Tonho”, filho de Newton, 76, e Dalva Moreia Bastos, 78, criadores do saboroso caldo que se tornou, em 2020, Patrimônio Cultural Imaterial de Alagoas.
“O tempero é igual, a mão é a mesma. Todos os dias eu vou à Capela, às 5 horas da manhã. Meu pai e minha mãe preparam e eu trago, mas a mão é a mesma”, assegura Tonho, que abriu o estabelecimento há seis anos.
O Caldinho de Capela, em Atalaia, abre às 8 horas, de segunda à sexta-feira, uma hora antes do horário de funcionamento da matriz. A única diferença, entretanto, é essa. Na hora de encerrar o expediente, Tonho acerta os ponteiros com o relógio do pai, lá em Capela. E não adianta insistir!
“Tanto aqui como lá, quando dá meio-dia fecha tudo. Pode tá quem tiver, é tradição de 46 anos, a minha idade”, enfatiza Tonho que, entre um caldinho e outro servido à freguesia ao pé do balcão, conversa com a reportagem do Alagoas Notícia Boa.
Caldinho é preparado por dona Dalva e seu Newton: sabor preservado
Os sabores oferecidos também são os mesmos: feijão, galinha e misto: uma junção dos dois caldos à disposição da clientela. O estabelecimento fica à margem da AL-410, bem perto do entroncamento com a BR-316, em frente ao Fórum de Justiça José Jerônimo de Albuquerque.
Tonho afirma que a filial não concorre com a matriz e que para abrir o negócio contou com o consentimento do pai. Após deixar o emprego na área de Segurança do Trabalho, ele decidiu empreender.
“Ele foi o incentivador”, revela. “Em conversei com ele sobre a ideia de abrir aqui em Atalaia. Eu tinha que ter o consentimento dele, porque eu sempre o ajudei, mas tinha de ter a permissão”.
Tonho conta que a clientela dele difere da freguesia do pai. Enquanto em Atalaia os frequentadores são formados, em sua maioria, por profissionais liberais que estão em serviço na região, os que marcam presença no estabelecimento de “seu” Newton o fazem em momentos de lazer.
“Eu vendo mais para a turma que tá de passagem, a trabalho. A turma mais boêmia fica na Capela”, explica. “Quem passa pela BR-316 a caminho de Arapiraca ou de Palmeira dos Índios, e não quer ir até a Capela, economiza 15 km e para aqui em Atalaia; toma o caldinho e segue viagem. Mas tem aquele que é meu cliente, mas quer ir lá pra conversar com o pai, com a mãe, rir um pouco, falar da lorota do futebol, da política… Esse não deixa de ir de jeito nenhum”.
Seu Newton, fundador do Caldinho da Capela, Patrimônio Cultural Imaterial de Alagoas (foto: Nide Lins)
O autônomo Cristian Lucas Vieira, 25 anos, não deixa de bater o ponto no Caldinho de Tonho, atraído pelas lembranças gustativas e afetivas da infância. “O que mais me atrai é o sabor da comida de vó: aquela comida gostosa, aquela comida que você se sente em casa”, recorda ao sorver um bom bocado.
De segunda à sexta-feira, Tonho está a postos em Atalaia. Sábado e domingo, ele corre até o município vizinho para substituir o pai no balcão do Caldinho de Capela. São os dias de descanso de “seu” Newton.
“São quatro filhos, todos criados dentro do que o Caldinho nos deu até hoje. Por ser o último a sair de casa, eu fiquei com a missão de não perder essa ideia, de não deixar o caldinho parar. Até meu filho mais novo, de 10 anos, chegou para o meu pai e disse assim: ‘Vô, se preocupe não, quando não der mais para o senhor, quem vai tomar conta sou eu’”. Tradição que segue!
Ao “pé do balcão”, Cristian entrega: “O que mais me atrai é o sabor da comida de vó: aquela comida gostosa, aquela comida que você se sente em casa”.
Serviço
O quê: “Caldinho de Capela, O Original”
Local: AL-410, em frente ao Fórum de Justiça José Jerônimo de Albuquerque, Atalaia/AL
Funcionamento: de segunda à sexta-feira
Horário: das 8 horas ao meio-dia
Matéria publicada pelo site Alagoas Notícia Boa - acesse aqui www.alnb.com.br
Texto e Fotos: Severino Carvalho.