Em apenas 3 meses, o que já foi um dos mais bem conservados santuários ecológicos de Alagoas, aquele da Fazenda Santa Tereza, em Atalaia, com ambientes paradisíacos e piscinas naturais de águas transparentes, com densa cobertura de mata atlântica, muitos animais, sobretudo, pássaros, e que atraia centenas de turistas todos os dias, está totalmente abandonado e entregue ao descaso.
Imagens que circulam em grupos na internet mostram a realidade do santuário: as piscinas sem água, formando apenas poças, onde larvas de mosquito podem se proliferar, mato crescendo na área em que as pessoas sentavam para degustar deliciosos caldinhos e peixadas. Até os animais estão sumindo, porque toda a água, que vinha de nascentes subterrâneas em direção as piscinas, não existe mais.
O abandono da maior atração turística da região, que está causando revolta dos moradores e mesmo de muitas agências receptivas, teve início em janeiro quando os problemas judiciais do Grupo João Lyra envolvendo uma disputa dos herdeiros acabou atingindo também a Fazenda Santa Tereza.
No início de janeiro, uma das herdeiras do falecido usineiro João Lyra, Lourdinha Lyra, entrou na Justiça pedindo o fechamento do local. O fechamento do Santuário deixou mais de 50 pessoas sem trabalho e passando por extrema dificuldade, muitas, inclusive, sem ter o que comer, já que todo o ganho das famílias vinha do trabalho nas barracas de comida e bebida localizadas dentro do santuário.
Junto ao permissionário, que tinha o direito de exploração do santuário, através de contrato e vinha pagando os aluguéis, e os prestadores de serviço, juntou-se o trade turístico do município, o Conselho Municipal de Turismo, a prefeita de Atalaia Ceci Rocha e até os guias de turismo, que acumulam prejuízos com o fechamento do santuário. Mas de nada adiantou. A fazenda permaneceu fechada e agora, em total abandono, já que a briga entre os herdeiros continua.
Eles entraram em uma nova disputa em torno da massa falida do grupo Laginha, que detém três usinas de açúcar e etanol em Alagoas, além de uma dívida com o Fisco estimada em R$ 3,4 bilhões. Os herdeiros querem afastar do processo de inventário a irmã mais velha, Maria de Lourdes Pereira de Lyra, e também querem destituir a administradora judicial da massa falida Telino e Barros Advogados Associados.
Dentro de todo esse imbróglio jurídico se encontra a Fazenda Santa Tereza, avaliada em mais de R$ 25 milhões, que, com isso, deixa de ser um santuário para ser apenas uma fazenda abandonada.
Fonte: Tribuna Hoje