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Emoção e homenagens marcam a inauguração de Monumento Cultural em Atalaia

Escultura em homenagem ao folclorista Zé Neto foi idealizada pelo artista plástico Jerônimo Miranda.

Phablo Monteiro
Por: Phablo Monteiro
03/09/2019 às 12h38 Atualizada em 23/09/2019 às 07h36
Emoção e homenagens marcam a inauguração de Monumento Cultural em Atalaia
Foto: Alberto Vicente

A escultura em homenagem a um dos grandes folcloristas do município de Atalaia, o senhor José Rocha da Silva, o Zé Neto, falecido em 2007, foi inaugurada na manhã desta segunda-feira (2), em uma solenidade marcada pela emoção e homenagens a atalaienses que contribuíram e que ainda contribui com o desenvolvimento cultural do município.

A concorrida solenidade foi realizada na Câmara Municipal de Vereadores e contou com a presença do prefeito Chico Vigário, da primeira-dama Rosiane Vigário, do presidente da Câmara vereador Alexandre Tenório e demais vereadores, de familiares do homenageado, do artista plástico Jerônimo Miranda e familiares, do Padre Manoel Francelino, da Educadora Maidy Rocha, da Educadora Tâmara Lucena, de secretários municipais, do Professor Lesso, da secretária de Cultura de Lagoa da Canoa Marineide Barbosa, da artesã Sil da Capela, da diretora de Ensino de Lagoa da Canoa Cristina Nunes, do professor de teatro Alberto do Carmo e demais presentes.

O monumento cultural, um pandeiro gigante de aço, está exposto na Praça Major Cícero de Góes Monteiro, em frente à Igreja de Nossa Senhora da Conceição. Seu idealizador é o renomado artista plástico atalaiense Jerônimo Miranda, o popular Doutor, contando com o apoio do “Grupo do Pandeiro”, composto pela Primeira-Dama Rosiane Vigário, pela Educadora Maidy Rocha, o arquiteto Marcos Cabral, Helder Cabral, Dunga, Rogério, o vereador Quinho do Portão, a Educadora Tâmara Lucena, a vereadora Maria da Comesa e a vereadora Neide Miranda.

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“Essa homenagem significa um reconhecimento de um trabalho que foi bem feito no município. Para mim como filho, é de uma emoção inexplicável. Esse monumento cultural será a marca de um início do resgate da nossa cultura. Que abracemos esse monumento de uma forma prazerosa e que a nossa cultura não morra. Precisamos resgatá-la a cada dia. Estamos completamente felizes por essa homenagem. Modestamente falando, foi mais do que merecida, pois foi um homem que abraçava a cultura e levou os folguedos de Atalaia para o Estado de Alagoas. Brincalhão, de bem com a vida, aquela pessoa que não tinha dia ruim. Portanto, quero externar em nome da família, toda a nossa gratidão a você Jerônimo Miranda. Zé Neto deixou o seu legado, felicidade acima de tudo. Tenho certeza que de onde ele estiver, o sorriso está alargado e nossa cidade vibra com essa inauguração”, destacou Dola Rocha, filho mais novo do homenageado.

Em nome de Maria Sallet Silva e demais familiares, Katilene Rocha também agradeceu a homenagem. “Com a sua arte e a sua cultura o meu pai resgatou jovens do antigo bairro 21. Isso para nós é tão grandioso, é de tamanho orgulho. Que bom que estamos aqui para lembrar de Zé Neto. Zé Neto foi um grande pai de cinco filhos, mas nós dividíamos o amor dele com tantos outros filhos, aqueles jovens que iam para a nossa casa, para o Pastoril, para a Quadrilha, para a Escola de Samba, para a Banda Fanfarra. Lembro que o Natal era comemorado com todos os vizinhos. O meu pai tinha esse dom que abraçar a todos. Que Deus ilumine sempre a sua arte Jerônimo, ilumine sempre o seu caminho”, comentou com orgulho a filha do homenageado.

Em seu discurso, a vereadora Neide Miranda destacou a justa homenagem. “Me emocionei quando o Doutor disse que iria homenagear o Zé Neto, que foi meu vizinho, meu amigo particular, meu paciente. Zé Neto não passou pela vida, ele deixou marcas. Foi a pessoa que mais incentivou o Folclore nesta terra”, destacou Neide Miranda.

Na oportunidade, a Educadora Maidy Rocha leu uma homenagem enviada pelo professor Ézio Lima, ao folclorista atalaiense e ao artista plástico Jerônimo Miranda. “José Rocha da Silva dedicou mais da metade da sua vida ao incentivo, preservação e divulgação das manifestações populares em Atalaia. Desempenhou várias atividades como forma viva da cultura do município, em sua forma mais autentica. Falecido em 12 de setembro de 2007, deixou órfão o Folclore atalaiense. A paixão pelo Folclore levou Zé Neto a compreender o processo criativo do Folclore e a necessidade de reacender a memória do povo atalaiense, quanto a essa  inventividade da cultura popular. Defendeu e divulgou arduamente a cultura popular, não com saudosismo, mas como cultura viva e dinâmica. Zé Neto era um brincante que conseguia acompanhar o desenvolvimento do seu Pastoril, estava sempre muito presente, era amigo de toda aquela gente e isso fez com que ele conseguisse aglutinar a todos culturalmente. Depois de casado com Salete, Zé Neto desenvolveu um gosto diferente das maiorias dos rapazes da sua idade, pois enquanto a Jovem Guarda dominava as paradas de sucesso e embalava as festas, ele gostava mesmo era dos folguedos, guerreiros, reisados, pastoris e demais festas populares. Autodidata, já estudava o Folclore atalaiense. Teve como grande incentivador a sua família, na pessoa da Salete e dos seus filhos. Zé Neto foi um homem feliz, trabalhou em silencio. Nunca seduziu a gloria dos humanos e nem a eternidade dos deuses. Fez o que tinha de fazer, repartiu o seu pão entre suas pastoras. Partiu como tinha de partir, feliz, como em sua vida até a sua morte. Por fim, Luiz Jerônimo, a homenagear Zé Neto com essa representativa escultura da sua lavra, enalteceu o legado do folclorista que atuou de forma incansável para preservar as tradições atalaienses do seu Pastoril. Gostaria de lembrar a expressão que tradição não é voltar ao passado, mas cultuar o passado no presente”.

Ainda na oportunidade, a Educadora Maidy Rocha destacou a importância de preservar a cultura, para manter viva a historia. “Um povo sem cultura é um povo sem historia. Um povo sem cultura é um povo que vai morrer sem conhecer o que houve de bom antes da sua existência, antes da sua ascendência. O dia de hoje é um marco, pois Atalaia inicia uma nova era de resgate a essa cultura. E, graças a esse filho da terra, o nosso Doutor que foi homenageado e que de repente retribui essa homenagem a uma pessoa que fez historia na cultura de Atalaia. Sei  que existe um processo no Estado, para que o Doutor seja patrimônio da cultura de Alagoas, mas, antes disso, você é patrimônio vivo da cultura atalaiense”, concluiu a Educadora.

Para o presidente da Câmara de Vereadores de Atalaia, vereador Alexandre Tenório, esse é um momento de volta as origens de Atalaia. “Todas essas lembranças são boas, porque passa um filme em nossa mente e é aquela saudade que ao longo do tempo se torna prazerosa. Quero aqui agradecer a presença da maioria dos vereadores e dizer que é um motivo de muita honra e satisfação esse dia de hoje”, destacou Alexandre Tenório, pedindo também ao Poder Executivo que coloque uma iluminação especial que destaque a escultura inaugurada.

O prefeito Chico Vigário parabenizou a iniciativa. “Você conseguiu Jerônimo, através de sua idéia, fazer com que uma família atalaiense preste uma homenagem a outra família atalaiense. Revendo tantos amigos nesse momento, acredito que Atalaia está despertando para entender que o quanto pior melhor não resolve, o que resolve é a unidade. Quando me foi apresentada a idéia, não houve dificuldades em aceitar e apoiar. Fico feliz em acompanhar o seu trabalho Jerônimo e sei que você é um vencedor. Parabéns a família do Zé Neto e a família do Jerônimo”.

Bastante emocionado, Jerônimo Miranda ao lado da viúva do homenageado, não segurou as lagrimas para demonstrar seu orgulho com esse momento importante para a cultura atalaiense.

“A homenagem hoje é feita a arte popular, vem do coração. Meus agradecimentos  e reconhecimentos com tudo que aprendi com vocês. Em nome da nossa Equipe do Pandeiro, estamos hoje aqui para eternizar um mestre que não morreu, mas que vive nos planos de Deus e deixa o seu grande legado, o aprendizado e o amor pela arte do homem do povo”, destacou o artista da terra, lembrando também com muito carinho ao lado de seus irmãos, a memória de sua mãe, a saudosa Dona Fernanda Camelo Cabral.  

“Hoje está aqui a família de Atalaia, independente de política, torcendo pelo bem da nossa cidade”, concluiu Jerônimo Miranda.

O encerramento da solenidade aconteceu na Praça Major Cícero de Góes Monteiro, com as bênçãos do Padre Manoel Francelino.

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