Na segunda metade da década de 50, mais precisamente em 1956, quando poucas famílias atalaienses tinham condições financeiras para enviarem seus filhos para estudar em Maceió, um grande acontecimento iria elevar significativamente a qualidade de ensino no município de Atalaia: A fundação, instalação e funcionamento do Ginásio Nossa Senhora das Brotas, pertencente a Campanha Nacional de Educandários Gratuitos.
Instalado vizinho a Escola Estadual Floriano Peixoto, seu primeiro teste de admissão foi realizado em dezembro de 1956, numa sala apertada da Escola fundada em 1935 pelo então Governador Dr. Osman Loureiro e pelo então secretario de Educação e Cultura, o escritor alagoano Graciliano Ramos.
Os grandes responsáveis pela criação do Ginásio Nossa Senhora das Brotas foram o então prefeito Dr. Luiz Augusto da Rocha Tenório, o juiz de direito José Augusto Tenório Costa, o advogado e produtor rural Dr. João Carlos de Albuquerque Filho, o padre Clovis Pimentel Pradines, professor Agamenon Andrade de Oliveira, a Educadora Suzana Craveiro Costa de Medeiros e “tantos outros incentivadores que me falha a memória”, destaca o advogado Getúlio Pereira Leite, em artigo publicado no Jornal Folha Atalaiense.
Na época de sua fundação, o Ginásio teve como seu primeiro diretor o Pe. Clovis, que também ministrava aulas de latim. Em 1958, a direção foi passada para a mestra de várias gerações de atalaienses e que exerceu o magistério como um sacerdócio: Dona Suzana Craveiro Costa de Medeiros.
Dona Suzana Craveiro Costa de Medeiros.
Em seu artigo Getúlio Pereira Leite nos lembra ainda que fizeram parte do primeiro corpo discente do Ginásio: “Terezinha Faustino, Maria Diva Xavier, Adelaide Laurindo, Raquel, Cilene, Zilene, Odete, Maria Barros, Creusa, Maria José, Cacilda, Leda, Yara, Jacilda, Nailton, Gabriel Miranda, Gésio Ferreira, Arménio, Marcos, Mauro Lisboa, Fernando Lancha, Jaime Miranda da Costa, Ronaldo Meira, Nildomar, Getúlio Pereira Leite, entre tantos outros”.
Seu corpo docente contou com grandes educadores, a exemplo do professor Agamenon (português), José Maria (desenho e trabalhos manuais), Wild Silva (inglês), Pe. Clovis (latim), Botelho (matemática), José Gonçalves e Carlinhos (ciências e biologia), Aurélio (geografia), Hélio (história), entre outros.
O Ginásio também possuía um departamento esportivo e cultural: “Nosso time de futebol era muito bom e jogávamos nas cidades de Capela, Pilar, Rio Largo, União, etc. Uma das vezes fomos disputar uma taça na cidade de São José das Lages e fizemos uma viagem inesquecível de trem”, lembra o ex-aluno, em seu artigo para o Jornal da saudosa escritora Vandete Pacheco. “Tínhamos uma excelente Banda de Passeata e desfilávamos garbosamente pelas ruas de Atalaia e de Rio Largo nos dias 7 de 16 de setembro, respectivamente Independência do Brasil e Emancipação Política de Alagoas”, conclui.
O Ginásio também pôde contar com a importante colaboração de Manoel de Medeiros Salgado (Seu Manú), incentivador da Educação, esposo de Dona Suzana e ex-vereador do município, que por 20 anos foi presidente local da Campanha Nacional dos Educadores Gratuitos – CENEG, através do Colégio Nossa Senhora das Brotas.
“Época em que toda a população aguardava com ansiedade o desfile de 07 de setembro, para ver o garboso Ginásio/Colégio desfilar e, com orgulho de todos nós atalaienses, graças, sem dúvida alguma, ao empenho, o denodo e a vontade de D. Suzana Craveiro Costa de Medeiros e do Sr. Manú, como era conhecido por todos nós e pela população em geral. O desfile era comparado com os das grandes cidades”, comenta Pedro Leandro Oliveira, em artigo publicado em homenagem ao Seu Manú.
No hall de seu prédio, grandes bailes estudantis também foram realizados.
Com a criação do Curso Pedagógico, em 1968, passou a denominar-se Colégio Normal Nossa Senhora das Brotas, cuja entidade mantenedora passou a ser a Campanha Nacional de Escolas da Comunidade. Depois passou a se chamar Colégio Cenecista Nossa Senhora das Brotas.
Por motivo de doença, Dona Suzana entregou a direção do Colégio no ano de 1989, porém, nunca deixou de preocupar-se com o andamento de suas atividades. Sua última visita ao colégio que tanto amava aconteceu no dia de seu falecimento (27 de setembro de 1990), num misto de despedida e saudade.
Com a mudança de administração, o Colégio Cenecista já não tinha mais o mesmo brilho, enfrentando período de crescimento e decadência, veio a fechar suas portas para o alunado atalaiense, em 2002.
O prédio só foi reaberto pelo prefeito Francisco Luiz de Albuquerque (Chico Vigário), para o ensino fundamental abrigando os alunos do SESI. Depois o prédio recebeu merecidamente o nome de Escola Municipal Suzana Craveiro Costa de Medeiros. Com a transferência desta Escola para o Conjunto Habitacional Deus É Fiel, o prédio passou a abrigar a Escola Municipal Jabes Francisco da Silva.